Nos últimos trinta anos gays e lésbicas têm saído bastante do armário. Antes dos anos oitenta era difícil encontrar personagens abertamente gays no entretenimento popular, mas nos últimos 10-15 anos tem sido difícil evitar homossexuais em filmes e na TV. De filmes ganhadores do Oscar Brokeback Mountain e Milk - não esquecendo de um dos filmes mais populares da Austrália, Priscilla: Queen of the Desert - até programas de TV prime-time como Will & Grace, os gays existem, e estão contentes e todo mundo está se acostumando com isso. No mundo dos jogos, porém, parece que a porta do armário ainda está fechada.
Ninguém espera que os jogos comecem a mostrar a sodomia no estilo Brokeback Mountain de repente - as editoras de jogos ainda têm problemas retratando cenas de sexo heterossexual - mas onde está o herói gay dos video games? Oy personagens de forte suporte? Eles são muito difíceis de encontrar, assim como eram na TV e nos filmes antes da década de 80. A bissexualidade está começando a ser vista - ou pelo menos acessada, se o jogador estiver olhando pra ela -, mas diferente de outras formas de entretenimento, os jogos não se juntaram ao século 21 mostrando a diversidade da sexualidade humana.
Jogos japoneses tiveram personagens gays de pouca importância - quase todos são travestis extravagantes e se encaixam no clichê do gay "menininha" - mas nos anos 80 e 90 esses personagens foram censurados ou trocados num lançamento ocidental. O personagem Eagle, original de Street Fighter, que também aparece em Capcom vs. SNK 2, era gay, mas muitas de suas frases que obviamente denotavam sua orientação foram retiradas do jogo quando foi lançado fora do Japão - e Eagle nunca mais apareceu na série Street Fighter.
Em 1988, Super Mario Bros. 2 caracterizou um mini-chefe chamado Birdo, que foi descrito pelo manual de instruções japonês como um macho que queria ser uma menina, e que por isso se chamava de "Birdetta" - mas isso foi mudado fora do Japão. Em 1994 Streets of Rage 3, da distinta concorrente, Sega, foi alterado ao chegar no Ocidente, removendo um chefe gay chamado Ash (distinguido por seu estilo Village People) e o substituíram por um personagem chamado Shiva. Sega também removeu pequenos personagens gays e transsexuais de Final Fight e no RPG Phantasy Star II, um prestativo músico da cidade foi editado para que o único indício de sua homossexualidade fosse o fato de ele cobra menos para ensinar personagens masculinos do que cobra para mulheres.
A censura parece ter parado graças à implementação de classificações "mature" e muitos RPGs japoneses caracterizam personagens andróginos, cuja sexualidade - e até mesmo gênero - é difícil de determinar. Flea, da série Chrono Trigger, é um exemplo óbvio, visto que usa roupas femininas (em Chrono Cross, veste roupas estilo escolares femininas em rosa e branco) mas aparentemente é um menino. Até mesmo a série Zelda tem o Tingle - um cara de 34 anos que não quer mais nada no mundo além de ser uma fada. Ele é irritante e feio, mas obviamente popular o bastante para aparecer em muitos jogos do Zelda desde sua primeira aparição em Majora's Mask, para Nintendo 64, em 2000.
A publicante francesa Ubisoft trouxe aos RPGs japoneses um personagem abertamente gay. Em Enchanted Arms (Xbox 360 / PS3), um dos principais personagens, Makoto, é claramente gay e apaixonado pelo personagem Toya. De fato, sua biografia confirma - "Makoto é abertamente gay e seus amigos gostam de chamá-lo de 'yellow otomegokoro'". Otomegokoro quer dizer "sentimento feminino, mente de donzela". Mesmo que Makoto siga o esteriótipo de gay "menininha", pelo menos ele não está se escondendo sob uma capa de androginia e assexualidade.
Nos RPGs ocidentais, Juhani de Star Wars: Knights of the Old Republic é talvez a primeira personagem abertamente lésbica - e também o primeiro personagem gay no universo de Star Wars. Quando encontrar Juhani pela primeira vez, você tem a opção de matá-la ou derrotá-la e convencê-la a retornar à ordem Jedi. Se você escolher matá-la, uma Jedi mulher no templo grita por você matar sua amada - dizendo que ela e Juhani passaram muitas noites juntas sob as estrelas. Depois, essa Jedi vai tentar te matar pelo que você fez com sua amante. Lição: interferir com amor lésbico é pedir pra levar pau.
As pesquisas mostram que mais e mais mulheres estão jogando video games, mas jogadores hardcore ainda são predominantemente homens, então quando lésbicas vêm à tona nos jogos, elas costumam ser masculinas titilantes, como em Outlaw Golf 2 e Leisure Suit Larry: Magna Cum Laude.
Fear Effect 2: Retro Helix, um horror de sobrevivência lançado para PlayStation em 2001, caracterizou a personagem principal Hana em uma relação lésbica com uma personagem e a divulgação se baseava no ângulo sexy de menina-com-menina em cel-shade. Entretanto, o diretor do jogo, Stan Liu, frisou em muitas entrevistas que Hana não era lésbica, e sim, bissexual - ele disse à Game Critics: "De uma vez por todas, deixa eu deixar tudo claro. Hana não é lésbica! Ela gosta de homens... e ela gosta de mulheres. Quem ela escolhe pra ir pra cama no fim do dia não importa tanto!"
E é na bissexualidade que a porta do armário tem sido vagarosamente aberta nos anos recentes. Você pode flertar com homens e mulheres em Fable - embora é claro, os personagens que mais correspondam sejam mulheres - e no RPG Mass Effect você pode dormir com um alienígena andrógino, seja se estiver jogando com um personagem masculino ou feminino.
Uma das séries que mais vende mundialmente, The Sims, também permite que você tenha ações com personagens do mesmo sexo se o jogador quiser. De fato, um comercial de The Sims para as TVs americanas em 2001 caracterizava um homem atraente em um clube noturno flertando com uma mulher, até que ele é repentinamente puxado por outro homem atraente, e depois de uma breve pausa, aceita sair com ele. Esta talvez seja a única vez onde a indústria de jogos fez uma tentativa explícita de ir atrás dos dólares do jogador gay.
Em Bully/Canis Canem Edit, da Rockstar, o personagem central do jogo, Jimmy Hopkins, pode ser bissexual (se o jogador permitir) e pode beijar ambos homens e mulheres para repor sua barra de energia. Todos esses personagens, se forem romanceados, ajudarão Jimmy na luta. Um dos personagens femininos no jogo faz referência à "experiência" de Jimmy com garotos, numa cena interna, e no Scholarship Edition do jogo, a Rockstar adicionou um prêmio de realização chamado "Over the Rainbow", ou "Acima do Arco-Íris", que é aberto quando Jimmy beija um garoto 20 vezes.
Então podemos esperar que a Rockstar continue inovando com sua maior franquia, Grand Theft Auto? Será que o próximo GTA trará a habilidade de ter relações sexuais com prostitutas masculinas, assim como femininas, ou de ter tantos namorados quanto namoradas? E depois de escolher um bandido afro-americando em GTA: San Andreas e um veterano de guerra europeu em GTA4, será que a Rockstar daria um passo ainda maior e faria com que o personagem principal fosse um homem gay ou uma mulher gay não-esteriotípicos?
Poderíamos pensar que a segunda opção parece incomum, mas The Sims e Bully/Canis Canem Edit provam que a atração pelo mesmo sexo pode ser bem-sucedida, e, não controversamente, incluída nos jogos. Assim, o anúncio de hoje de que o próximo GTA terá uma narrativa que gira em torno do dono de uma boate chamado Gay Tony (embora os jogadores vão controlar o seu assistente, Luis Lopes) com certeza trará bastante debate. Enquanto pouco se sabe sobre o jogo até esse ponto, o novo logo estilo "disco" do GTA e a escolha do título sugerem que a poderosa desenvolvedora certamente vai abordar a noção de sexualidade como o núcleo da narrativa do jogo nos lançamentos ocidentais. Se será estilo Studio 54 ou Brokeback Mountain nós ainda não podemos dizer, porém, sabemos que a dedicação da Rockstar à pesquisa e compreensão profunda dos extremos da cultura ocidental podem sinalizar o jogo como um dos lançamentos mais importantes do ano.
Mesmo se o equivalente para video games do filme Brokeback Mountain esteja a anos de distância, parece que a bissexualidade vai ter mais papéis nos jogos futuros, permitindo aos jogadores gays a se sentirem mais confortáveis e não excluídos da ação. A porta do armário já está entreaberta.
Ninguém espera que os jogos comecem a mostrar a sodomia no estilo Brokeback Mountain de repente - as editoras de jogos ainda têm problemas retratando cenas de sexo heterossexual - mas onde está o herói gay dos video games? Oy personagens de forte suporte? Eles são muito difíceis de encontrar, assim como eram na TV e nos filmes antes da década de 80. A bissexualidade está começando a ser vista - ou pelo menos acessada, se o jogador estiver olhando pra ela -, mas diferente de outras formas de entretenimento, os jogos não se juntaram ao século 21 mostrando a diversidade da sexualidade humana.
Jogos japoneses tiveram personagens gays de pouca importância - quase todos são travestis extravagantes e se encaixam no clichê do gay "menininha" - mas nos anos 80 e 90 esses personagens foram censurados ou trocados num lançamento ocidental. O personagem Eagle, original de Street Fighter, que também aparece em Capcom vs. SNK 2, era gay, mas muitas de suas frases que obviamente denotavam sua orientação foram retiradas do jogo quando foi lançado fora do Japão - e Eagle nunca mais apareceu na série Street Fighter.
Em 1988, Super Mario Bros. 2 caracterizou um mini-chefe chamado Birdo, que foi descrito pelo manual de instruções japonês como um macho que queria ser uma menina, e que por isso se chamava de "Birdetta" - mas isso foi mudado fora do Japão. Em 1994 Streets of Rage 3, da distinta concorrente, Sega, foi alterado ao chegar no Ocidente, removendo um chefe gay chamado Ash (distinguido por seu estilo Village People) e o substituíram por um personagem chamado Shiva. Sega também removeu pequenos personagens gays e transsexuais de Final Fight e no RPG Phantasy Star II, um prestativo músico da cidade foi editado para que o único indício de sua homossexualidade fosse o fato de ele cobra menos para ensinar personagens masculinos do que cobra para mulheres.
A censura parece ter parado graças à implementação de classificações "mature" e muitos RPGs japoneses caracterizam personagens andróginos, cuja sexualidade - e até mesmo gênero - é difícil de determinar. Flea, da série Chrono Trigger, é um exemplo óbvio, visto que usa roupas femininas (em Chrono Cross, veste roupas estilo escolares femininas em rosa e branco) mas aparentemente é um menino. Até mesmo a série Zelda tem o Tingle - um cara de 34 anos que não quer mais nada no mundo além de ser uma fada. Ele é irritante e feio, mas obviamente popular o bastante para aparecer em muitos jogos do Zelda desde sua primeira aparição em Majora's Mask, para Nintendo 64, em 2000.
A publicante francesa Ubisoft trouxe aos RPGs japoneses um personagem abertamente gay. Em Enchanted Arms (Xbox 360 / PS3), um dos principais personagens, Makoto, é claramente gay e apaixonado pelo personagem Toya. De fato, sua biografia confirma - "Makoto é abertamente gay e seus amigos gostam de chamá-lo de 'yellow otomegokoro'". Otomegokoro quer dizer "sentimento feminino, mente de donzela". Mesmo que Makoto siga o esteriótipo de gay "menininha", pelo menos ele não está se escondendo sob uma capa de androginia e assexualidade.
Nos RPGs ocidentais, Juhani de Star Wars: Knights of the Old Republic é talvez a primeira personagem abertamente lésbica - e também o primeiro personagem gay no universo de Star Wars. Quando encontrar Juhani pela primeira vez, você tem a opção de matá-la ou derrotá-la e convencê-la a retornar à ordem Jedi. Se você escolher matá-la, uma Jedi mulher no templo grita por você matar sua amada - dizendo que ela e Juhani passaram muitas noites juntas sob as estrelas. Depois, essa Jedi vai tentar te matar pelo que você fez com sua amante. Lição: interferir com amor lésbico é pedir pra levar pau.
As pesquisas mostram que mais e mais mulheres estão jogando video games, mas jogadores hardcore ainda são predominantemente homens, então quando lésbicas vêm à tona nos jogos, elas costumam ser masculinas titilantes, como em Outlaw Golf 2 e Leisure Suit Larry: Magna Cum Laude.
Fear Effect 2: Retro Helix, um horror de sobrevivência lançado para PlayStation em 2001, caracterizou a personagem principal Hana em uma relação lésbica com uma personagem e a divulgação se baseava no ângulo sexy de menina-com-menina em cel-shade. Entretanto, o diretor do jogo, Stan Liu, frisou em muitas entrevistas que Hana não era lésbica, e sim, bissexual - ele disse à Game Critics: "De uma vez por todas, deixa eu deixar tudo claro. Hana não é lésbica! Ela gosta de homens... e ela gosta de mulheres. Quem ela escolhe pra ir pra cama no fim do dia não importa tanto!"
E é na bissexualidade que a porta do armário tem sido vagarosamente aberta nos anos recentes. Você pode flertar com homens e mulheres em Fable - embora é claro, os personagens que mais correspondam sejam mulheres - e no RPG Mass Effect você pode dormir com um alienígena andrógino, seja se estiver jogando com um personagem masculino ou feminino.
Uma das séries que mais vende mundialmente, The Sims, também permite que você tenha ações com personagens do mesmo sexo se o jogador quiser. De fato, um comercial de The Sims para as TVs americanas em 2001 caracterizava um homem atraente em um clube noturno flertando com uma mulher, até que ele é repentinamente puxado por outro homem atraente, e depois de uma breve pausa, aceita sair com ele. Esta talvez seja a única vez onde a indústria de jogos fez uma tentativa explícita de ir atrás dos dólares do jogador gay.
Em Bully/Canis Canem Edit, da Rockstar, o personagem central do jogo, Jimmy Hopkins, pode ser bissexual (se o jogador permitir) e pode beijar ambos homens e mulheres para repor sua barra de energia. Todos esses personagens, se forem romanceados, ajudarão Jimmy na luta. Um dos personagens femininos no jogo faz referência à "experiência" de Jimmy com garotos, numa cena interna, e no Scholarship Edition do jogo, a Rockstar adicionou um prêmio de realização chamado "Over the Rainbow", ou "Acima do Arco-Íris", que é aberto quando Jimmy beija um garoto 20 vezes.
Então podemos esperar que a Rockstar continue inovando com sua maior franquia, Grand Theft Auto? Será que o próximo GTA trará a habilidade de ter relações sexuais com prostitutas masculinas, assim como femininas, ou de ter tantos namorados quanto namoradas? E depois de escolher um bandido afro-americando em GTA: San Andreas e um veterano de guerra europeu em GTA4, será que a Rockstar daria um passo ainda maior e faria com que o personagem principal fosse um homem gay ou uma mulher gay não-esteriotípicos?
Poderíamos pensar que a segunda opção parece incomum, mas The Sims e Bully/Canis Canem Edit provam que a atração pelo mesmo sexo pode ser bem-sucedida, e, não controversamente, incluída nos jogos. Assim, o anúncio de hoje de que o próximo GTA terá uma narrativa que gira em torno do dono de uma boate chamado Gay Tony (embora os jogadores vão controlar o seu assistente, Luis Lopes) com certeza trará bastante debate. Enquanto pouco se sabe sobre o jogo até esse ponto, o novo logo estilo "disco" do GTA e a escolha do título sugerem que a poderosa desenvolvedora certamente vai abordar a noção de sexualidade como o núcleo da narrativa do jogo nos lançamentos ocidentais. Se será estilo Studio 54 ou Brokeback Mountain nós ainda não podemos dizer, porém, sabemos que a dedicação da Rockstar à pesquisa e compreensão profunda dos extremos da cultura ocidental podem sinalizar o jogo como um dos lançamentos mais importantes do ano.
Mesmo se o equivalente para video games do filme Brokeback Mountain esteja a anos de distância, parece que a bissexualidade vai ter mais papéis nos jogos futuros, permitindo aos jogadores gays a se sentirem mais confortáveis e não excluídos da ação. A porta do armário já está entreaberta.
Esqueçeu de colocar o seu nome cuzao
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